Olá, leitores e leitoras do Legado das Palavras Resenhas de Uma Leitora!
Esta resenha foi publicada originalmente no blog Legado das Palavras.
Esta resenha foi publicada originalmente no blog Legado das Palavras.
O ano está excelente para a literatura
nacional. Nomes já eternizados no gosto de milhares de leitores lançaram novos -
e esperados - livros, o espaço para fantasia e ficção nacional está crescendo e
novos autores estão surgindo. Esta resenha irá falar sobre a obra de um destes
novos autores. A obra se destaca pelo estilo da narrativa e também por ser
capaz de nos fazer refletir acerca de muitas coisas. O livro em questão é Filhos do Fim do Mundo, do autor Fábio M. Barreto, lançado pela Fantasy - Casa da Palavra e possui 287
páginas.
Perspicaz. Singular. Adorável. São
qualidades presentes no livro. Uma ficção cientifica que buscar ser mais do que
aparenta ser, e consegue. A história por si só é incrivelmente cativante,
revisita um tema que sempre esteve em alta no gênero e nesses últimos anos
esteve ainda mais, a obra aborda o fim do mundo. Mas não o fim nuclear, não o fim
explosivo, mas sim o fim do futuro. Nada de extraterrestres ou hordas
intermináveis de mortos-vivos, nem bombas atômicas, o buraco é mais embaixo, o
fim é ainda mais cruel.
Na trama, repentinamente, na virada de
um dia para o outro, um acontecimento cruel e impensável se espalha por todos
os cantos do mundo: bebês recém-nascidos de até um ano de idade estão morrendo
misteriosamente. Pouco tempo depois, descobre-se que animais e plantas também
estão sofrendo os efeitos do fim do mundo. A notícia se espalha.
Imerso em meio ao caos mundial, está o
Repórter, como se não bastasse o inferno pessoal de sua mulher estar prestes a
dar à luz ao seu filho, ele é convocado pelo jornal onde trabalha para
investigar os acontecimentos e buscar encontrar uma salvação - em um dos lugares
que visitou recentemente. Em meio ao ódio e a desconfiança, sua missão é nada
menos do que encontrar uma cura, um abrigo e, claro, retardar ao máximo o parto
da esposa.
A narrativa do autor é categórica, muito
bem construída, tem êxito em conduzir o leitor para o universo do livro, chega
a ser gratificante ler o livro com tanta clareza sem se perder - ou dar voltas
e mais voltas - até o desfecho. Objetividade e precisão, definem. Palavras que
inspiram, trechos que comovem. O clima durante todo o livro é tenso e dramático
e até mesmo cômico em certos momentos, mas a comicidade está na história e é
difícil quebrar o clima que este fim de mundo construiu. O desfecho é algo
surreal, ousado e, ao mesmo tempo, belo.
Em termos de personagens temos outro
grande mérito da obra. Eles carecem de nomes próprios, localizações não são
citadas, isso faz o leitor se aproximar mais do clima, deixa aberto para que
ele se ponha no lugar, que imagine tudo ocorrendo em qualquer canto do mundo.
Não é raro ao longo do livro de simpatizar com muito do os personagens oferecem.
Fábio Barreto ousa ao criticar em forma de personagens, quem já leu vai se
lembrar facilmente de quem é. Tais personagens existem no mundo, principalmente
na internet, todos os dias vemos ou lemos algo de pessoas como as descritas, e
as atitudes do livro refletem o que fariam em vida, caso o evento realmente ocorresse.
Vou dar uma mostra a vocês. Leia o trecho abaixo:
clique para ampliar
Essa parte representa uma infinidade de
pessoas sem compaixão ao próximo, sem o mínimo de abalo com a dor sentida,
representa pessoas que se importam apenas com o próprio umbigo. Quanto a parte
de gravar a filha agonizante e postar na internet, bom, isso não preciso nem
comentar, dia após dia vemos casos bizarros que circulam por aí -
principalmente nas redes sociais. Se o fim do mundo acontecesse, as redes sociais seriam uma amálgama de
lamentações e sarcasmos. Filhos do Fim do
Mundo te faz refletir sobre isso.
Faz refletir também sobre a história.
Feche os olhos por alguns segundo e imagine os eventos do livro ocorrendo em
nossa realidade, jamais saberíamos definir o que estilhaçaria nossas almas e
mentes primeiro: a morte e sofrimento do
presente ou a certeza da ausência de um futuro. Não somos imortais, obviamente,
filhos são os únicos meios de continuar nossa existência como raça, ser
privados desta dádiva seria decretar uma agonizante fim de todas as coisas.
Tenho orgulho de escrever essa matéria,
orgulho deste escritor ser nacional, uma obra que não se encontra sempre,
principalmente nestes dias nem tão originais, em termos de histórias. O tema já
foi disposto de várias formas, outras incríveis, algumas ruins, mas poucos de
forma tão visceral, profunda. Se você
desiste, o que isso diz sobre você? O gênero da ficção científica e a
literatura estão “sorrindo” pelo Barretão não ter desistido. Afinal...
Desistir
não é uma opção.
Oie
ResponderExcluirJá li algumas resenhas desse livro, e já faz algum tempo que quero ler.
Estou bem curiosa para saber o que acontece, e como será o final!
Acho que não tinha visto, que os personagens são assim, egoístas e que usam a internet como acontece hoje em dia, tipo postando videos sem noção alguma...
muito legal a resenha! Parabens
bjos
Acho bem bacana essa divulgação que os novos autores nacionais estão tendo. tem coisa muito boa por aí. Ainda não li Filhos do Fim do Mundo mas sempre ouço coisas boas a respeito. Pela sua resenha, parece que a história é muito bem elaborada e faz o leitor "entrar no clima" de verdade.
ResponderExcluirGostei bastante do titulo do livro "Filhos do Fim do Mundo", deu vontade de ler!
ResponderExcluirComo a Vanilda disse, muito legal a divulgação com os novos autores nacionis.
Parabéns pela ótima resenha!
Beijos :)
Oi Hugo, eu sempre achei a capa deste livro legal, mas não ao ponto de conferir a sinopse, e esta foi a primeira resenha que li.
ResponderExcluirAdorei teu texto, o livro aparenta ser ótimo, o fator 'sem nome' dos personagens é novidade para mim, ser chamado por sua profissão, mas prefiro do que ler e nunca saber nome algum.
Não posso afirmar que leria, pois como sou mãe, livros que envolvem bebês e situações assim, eu acabo evitando, só de imaginar é terrível demais.
Muito bom ver que os autores nacionais têm muito potencial, e que as editoras estão apostando neles.