Este é uma obra de lançamento
independente de um autor parceiro do blog, apresentado recentemente (http://www.resenhasdeumaleitora.com.br/2013/07/autor-parceiro-aurelio-mendes.html).
Orbis é uma distopia.
No prefácio há uma
contextualização histórica rápida para situar o leitor em alguns aspectos (como
historiadora, eu preciso dizer que há alguns pontos de inconsistência). É a
parte real da obra, abrindo o espaço para a ficção. Devo dizer que, apesar das
inconsistências, é um momento necessário para que a obra seja entendida como um
todo.
Imagine: Ano de 2045. Seres humanos
desenvolvidos somente em laboratório, de maneira independente e
padronizada. É retirada toda e qualquer emoção do indivíduo, além de serem
estabelecidas castas para estes. Não há
qualquer envolvimento afetivo. Até o indivíduo completar 18 anos, passa em
treinamento para só então ser liberado para a “vida”.
Além disso, o planeta não conta
mais com países, mas com colônias – no livro são apresentadas duas: onde se
passa a história, chamada de Andrômeda
e outra chamada de Antília. É
proibido pensar – quem o faz e age de forma subversiva à sociedade é
interrogado em um Inquérito e
enviado para a Exoría, algo como o exílio,
uma espécie de prisão. Logo, há um modo operacional funcionando. Nada de
liberdade, muito menos de expressões.
O planeta tem um único “senhor”,
o chamado “Pai”. Ele é onisciente e onipotente. Sim, lembra uma religião, mas
não se trata disso. É um cara que governa o mundo todo, todas as colônias.
Musin é o protagonista. Ele é
diferente dos demais indivíduos, que foram programados para não pensar e, muito
menos, para questionar. Musin pensa que algo está errado naquele sistema. A
razão para ele ser desta forma é dita ao longo do texto, e é claro que eu não
posso contar.
Tudo muda quando Musin encontra
um livro, intitulado “Diário da Origem
da Realidade”, que inicia com relatos na cidade de São Paulo, em 20 de Abril de 2013, citando uma
terrível guerra que acabou de iniciar. As notícias são catastróficas! A razão
oficial para esta guerra mundial é o chamado “Blue Gold”, que seria a água. Porém, há uma razão extra oficial: que
não contarei qual é!
O sistema é dividido em castas,
que definem quem é o quê, e faz o quê.
Nosso protagonista, Musin, é um caput,
um cara desenvolvido para pensar e trabalhar na burocracia. Há, ainda, os arma
(função de servir e obedecer), os cistam (fazem o trabalho manual,
braçal), e os corpora (alto escalão, são os que mandam em tudo). Estes
últimos, inclusive, tem padronização estética, com olhos verdes e cabelos ruivos,
para fácil reconhecimento.
Para manter a ordem, há outra
classe: a Guarda Nacional. São escolhidos a partir de notas genéticas. Ou seja,
quando há a formação do indivíduo no laboratório, os genes são submetidos às
avaliações para saber se atingiram a nota necessária para fazer parte da Guarda
Nacional.
Orbis tem capítulos curtos, dando
agilidade à narrativa.
A linguagem de Orbis tenta ser
uma pouco mais formal, porém tem alguns errinhos de inconsistência, redundância,
falta de vírgulas... Por exemplo, em
determinada página há a expressão: “Iria ter”, onde o certo é “teria”. Impliquei, claro. Como podem ver, isso não estraga a história,
como um todo, mas é um detalhe que me incomoda. Ou outro exemplo:
“Angel pegara na minha mão após as palavras de Toussaint e fixara seus olhos nos meus. Com uma voz firme e rouca ao mesmo tempo, disse:” p. 139
Vamos lá: se pegara, então dissera.
Se pegou,
então disse.
Veja, estas diferenças de tempo verbal no mesmo momento ficam estranhas. Fica desproporcional, faz perder o ritmo.
Há uma mistura de presente com
passado – e isso foi um ponto positivo, pois deixa algo leve. Aurélio Mendes faz referências a
grandes pensadores e escritores, como Foucault,
George Orwell e Aldous Huxley... (que eu lembro agora, são estes três).
O autor me fez tirar conclusões
precipitadas, quebrando a mente depois. Adoro quando isso acontece. Por
exemplo, eu pensei que ele ia colocar sobrenatural na obra – e estava ficando
muito brava... porém, entretanto, todavia, eu estava errada em minhas
precipitações e o autor conseguiu explicar o que acontecia de acordo com a sua
proposta.
A história ainda conta com uma
pitada de romance... Nada muito explorado ou que tire o foco da revolução que
estava acontecendo, o que achei muito bacana. Ao longo da trama, Musin vai
descobrindo sentimentos que, até então, pensava ser inexistentes – já que a
parte de sentimento é retirada na hora do próprio desenvolvimento no laboratório.
Para vocês terem uma ideia, o
livro inicia no ano de 2045, vem
para 2011 e segue para 2102! É muita loucura e, acredite, tudo
cabe dentro da proposta.
Não gostei da pontuação
demasiada, que tentava explicar determinadas sensações:
“— Angel....................................................?
— Musin....................................................!
— ....................Musin..............!!!
— Angel........?.................!” p. 106
Acho que isso pode ser lapidado para dar até mais emoção,
utilizando menos pontos.
Diria que Orbis é um livro com
uma proposta ótima. Como é lançado de forma independente, não tem revisão
profissional, deixando passar algumas coisinhas (que não estragam a obra em
nenhum momento, no entanto). Se for mais lapidado, ficará um put*
livro!
“Eu sempre tive a certeza que não se pode suprimir nossa verdadeira essência. Mas até aquele momento eu acreditava que minha essência era aquela, o que a genética me determinava” p. 39
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Oi Came!!!
ResponderExcluirAcho que esse rapaz deve ter tido aulas com a mesma professora que uma amiga minha para usar tanto ponto. Reticências existem para isso, mas cada um faz como bem entende. haha
Eu não gostei da capa, mas a distopia pareceu bem interessante, essa questão de mostrar futuro e passado chamou atenção.
Lembrei um pouco do filme Gattaca, uma experiência genética; apenas pela criação em laboratório que ainda assim difere do filme.
O filme Gattaca realmente inspirou-me para criar alguns conceitos da história do livro. Quanto a pontuação para demonstrar sentimentos, peguei a inspiração de Machado de Assis. Fez isso em seu livro Brás Cubas, exatamente no capítulo denominado 'O velho diálogo entre Adão e Eva'.
ResponderExcluirAmo distopias, amo esses universos criados dentro das distopias <333 Eu sou muito desatenta, então quase nunca percebo esses erros, mas... Nossa é muito ponto rs.
ResponderExcluirDe qualquer forma, quero ler o livro.
Sucesso pro Marco Aurélio!
Beijos!
Apenas deixando o link novamente, a obra pode ser adquirida aqui: https://www.clubedeautores.com.br/book/147276--Orbis
ResponderExcluirMande um e-mail diretamente para o autor também, ele adoraria conversar com seus leitores!
marco_aurelio-sm@hotmail.com