Coluna nova neste novo ciclo do blog. Como historiadora que sou, não
consigo deixar de trazer para vocês alguns elementos da História. Neste caso,
os elementos em questão retratam a nossa mitologia.
Como vocês devem saber/suspeitar, as lendas do nosso país são,
essencialmente, indígenas. E deixa eu contar que a nossa mitologia (pouco
explorada, infelizmente) é tão rica quanto a nórdica, grega, hindu, egípcia...
Enfim, nós temos muito que aprender com nossas lendas.
O livro que me inspirou a iniciar esta coluna chama-se “As 100 Melhores
Lendas do Folclore Brasileiro”, um compilado com os melhores mitos reunidos
pelo autor A.S. Franchini, um gaúcho que já escreveu muitos livros ligados à
mitologia.
Vale lembrar que as lendas e mitos não tem que fazer um sentido lógico
para nossas mentes contemporâneas. Na antiguidade, estas lendas justificavam
ações e fenômenos. Então, assim como aceitamos o mitos de Thor (nórdico), Zeus
(grega) e Osíris (egípcia) entre tantos outros, devemos aceitar e respeitar a nossa
mitologia também.
A proposta da coluna é trazer algumas lendas brasileiras de forma
resumida. Então, sem mais demora, vamos ao que interessa:
Os Filhos do Trovão
(A Saga dos Tárias pt. 1)
O mito sobre a origem dos filhos do Trovão (Tárias) é pouco conhecido
entre nós, porém, é um das mais interessantes. Os tárias eram uma tribo do rio
Uapés, no Amazonas.
Conta-se que, há muito tempo, o Trovão estrondou no Céu tão fortemente
que este rachou e gotejou sangue. Este sangue caiu em cima do próprio Trovão e
ali secou. Novo estrondo de Trovão, e o sangue seco virou carne. Quando houve o
terceiro estrondo no céu, a carne desprendeu de seu corpo e caiu sobre a Terra,
despedaçando em milhares de pedaços, que formaram os homens e mulheres.
Assustados por natureza, assim que anoiteceu os filhos do Trovão
esconderam-se em uma gruta, pois imaginaram que após o Sol desaparecer, nunca
mais tornaria a aparecer. Quando o sol reapareceu pela manhã os filhos do
Trovão alegraram-se. Quando sentiram fome, saíram da gruta e observaram os
pássaros comendo os frutos e resolveram os imitar. E assim faziam todos os
dias, até que em uma manhã, enquanto estavam no alto de alguma árvore saciando
sua fome, avistaram dois cervos (macho e fêmea), que se alimentavam dos frutos
que caíam. Pouco tempo depois, um dos cervos montou no outro.
Os tárias ficaram curiosos sobre o que estava acontecendo, já que
ignoravam as coisas do mundo. Durante a noite, quando voltaram para a gruta (e
ninguém esquecia o que tinha visto naquele dia), a Mãe do Sono, uma das mães
divinas indígenas, visitou a gruta para contar-lhes quem eram. Após,
transformou-os em cervos, que logo correram para debaixo da árvore a fim de
imitar o que tinham visto. Quando o dia amanheceu, os pares estavam abraçados,
uma mulher para cada homem.
E foi assim que os filhos do Trovão iniciaram a sua descendência.
Parabéns pela iniciativa. Um país tão vasto como o Brasil e cheio de diversidades culturais tem, com certeza, muita mitologia que fariam os nórdicos babar!
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