segunda-feira, 19 de novembro de 2012


Século XV: Kaori, uma bela garota com o perfume da sedução, trilha caminhos perigosos entre samurais, senhores feudais, prostitutas e criaturas mágicas do folclore japonês. No seu caminho, surge José Calixto, um artista sensível e apaixonado, capaz de tudo para dar vida a uma obra imortal.
Século XXI: na fervilhante Avenida Paulista, coração de São Paulo, Samuel Jouza tem uma profissão peculiar. Ele observa vampiros para um misterioso instituto de pesquisas. Mas o olheiro percebe que a sua profissão é muito mais perigosa do que imaginava, ao salvar um menino das garras dos sanguessugas.
De um lado, a magia das sagas heróicas de samurais, o mistério das antigas lendas do Japão. Do outro, uma aventura ágil e atual, que tem como cenário o Brasil. Dois universos se entrelaçam e se cruzam neste novo romance de vampiros escrita por Giulia Moon.A história começa em 1647 no Japão e “termina” em 2008 no Brasil. 
Livro recebido em parceria com a Giz Editorial.

A história começa em 1647 no Japão e “termina” em 2008 no Brasil.
Os capítulos estão estruturados de uma maneira original: Há o capítulo I que começa em 1647, e o capítulo 1 que começa em 2008 (um seguido do outro). Aí volta para o capítulo II em 1647, e o capítulo 2 em 2008 – e assim, distribuídos em algarismos romanos e arábicos, sucessivamente.  Não, o leitor não se perde. Na verdade esta estrutura ficou muito bem organizada, visto que podemos saber como aconteceu a transformação de Kaori em vampira e sobre sua vida noturna 361 anos depois.

Vamos às personagens:
Samuel Jouza é um vampwatcher, um olheiro de vampiros, da IBEFF (Instituto Brasileiro de Estudo de Fenômenos Fantásticos). Seu emprego lhe paga mal, mas ele faz algo que gosta. Seu trabalho é catalogar os vampiros de São Paulo. Homem de meia idade, gosta de viver sozinho.
Kaori é uma menina que trabalha em uma taverna de seu pai, assando dangôs (bolinhos japoneses recheados com feijão doce) para os viajantes que ali passam. Por ser de origem pobre e muito bela, Missora, a dona do bordel da região, propõe ao pai que venda a menina. Ele não aceita, mas ela consegue o que quer. Inclusive Missora é um caso a parte! É vampira e em determinado momento ela perde a língua. O que ela faz? Bem, ela pega a língua de outro ser (vivo ou recentemente morto) e a implanta em sua boca para que possa falar. Depois que passa o tempo de decomposição normal de um tecido morto, ela se desfaz da língua antiga e consegue outra.
Também merece destaque especial a bióloga Beatriz Semper. Assim como Samuel, trabalha para o IBEFF, mas estuda os famélicos. Espécie de lobisomens – e já vamos falar sobre eles.
Coloquei as personagens que ganham maior destaque durante a narrativa, apesar de quase todas serem fundamentais para a composição do texto. De forma geral, as personagens são bem estruturadas, os detalhes são colocados de forma que são identificáveis em seres humanos, realmente. Nada fora do comum. Os sentimentos conflitantes são bem estimulados e trabalhados.

Os vampiros de Giulia Moon são mais parecidos com os tradicionais da literatura: queimam ao sol, implantam memórias e, apesar de beberem sangue de animais para sobreviver, preferem o sangue humano, que contém mais nutrientes para eles.
Giulia traz também outros fenômenos além dos vampiros, como os famélicos – seres semelhantes aos lobisomens e são considerados inferiores aos amigos sugadores de sangue. Fazem a limpeza, já que comem os corpos que os vampiros deixam para trás. A autora também traz o Nekomata, que é uma assombração criada com as energias humanas acumuladas. Originalmente em forma de gato de duas caldas, consegue tomar o corpo de um morto e o utilizar por tempo indeterminado – o Nekomata é próprio do folclore oriental.
O primeiro encontro entre Samuel e Kaori se dá em um conto do livro Amor Vampiro, mas isso não impede a interpretação deste volume – apesar de o leitor entender com mais facilidade alguns detalhes da trama após ler o conto.

Trata-se de um livro mais denso, carregado de cultura e turbulências. E exatamente por isso, demorei em ler o texto – às vezes precisava de uma leitura mais fluida para espairecer um pouco. O vocabulário é extenso, o que acaba sendo uma experiência memorável.
Uma coisa me incomodou: em vários momentos, os acontecimentos demoravam a incidir. E isso cansava, já que eu ficava querendo saber o que iria acontecer e nada de interessante ocorria.
E tenho que dizer: gamei na tatuagem da Kaori! Um dragão vermelho e reluzente em sua coxa (é que sou doida por tatuagens!). Quem fez foi o brasileiro Calixto, na década de 1850, utilizando sangue em sua mistura para que fixasse, já que somente a tinta não impregnava no corpo da vampira.
Interessantíssimo como a autora vai expondo elementos da cultura nipônica ao longo do texto. A história do Japão colocada é concisa de acordo com as datas escritas. Além de expressões, costumes, superstições. E isso de forma leve, sem forçar a leitura.

Pontos Negativos: Alguns diálogos são rasos, não convencem o suficiente (acredito que pelo fato de alguns diálogos requererem orações mais simples. O emprego demasiado de palavras que não utilizamos em nosso dia a dia não gerou credibilidade – para mim). E o fato de o texto ser bastante denso, me deixou um pouco cansada durante a leitura.

Pontos Positivos: A descrição das personagens e dos momentos de luta. Perturbadores e ótimos. Kaori é uma personagem única. Diva! Outra coisa: a analogia que a autora faz com uma das personagens do livro com a personagem principal do filme “Laranja Mecânica” é fascinante! É claro que eu não vou contar como aconteceu, já que esta foi umas das partes que mais marcou para mim. A estrutura mental descontrolada ficou visível neste capítulo.

De modo geral, posso afirmar que é um livro interessantíssimo. Se você curte vampiros, não deixe de ler Kaori. Não vai se arrepender!



P.S: Maior atenção aos momentos finais (especificamente 50 últimas páginas)! É de ler em um fôlego só, sério. Ninguém é o que aparenta ser, você pensa que é um personagem aleatório, mas é alguém fundamental. Gente, um escândalo!


14 comentários:

  1. Conheci as obras da autora há pouco tempo, e estou doido de vontade de ler :D Ótima resenha.

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    1. Oi Hugo!
      Realmente a autora é ótima. Recomendadíssima!
      Obrigada :D

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  2. Bem que você disse que parecia interessante... Realmente parece. Fiquei curiosa sobre a história, e achei bem bacana a sequência de capítulos.
    Não por preguiça... Mas costumo perder o foco quando a leitura é densa demais. Como se não fluísse... Talvez esse seja um problema para mim, também, em uma possível futura leitura. Mas quem sabe, né?!

    Beijo, cams!

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    1. Oi Gises!
      Viu, eu disse que era bom!
      Acho que você ia gostar, sério! É densa, mas é boa :D

      Beijos

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  3. O livro parece ser do estilo que gosto =D
    e se vc gostou dele vou dar o meu voto de confiança!
    Bjus Came!

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    1. Oi Suh!
      E dê mesmo, para nós que gostamos de vampiros é ótimo!

      Beijos e obrigada pela confiança :D

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  4. Hahahaha, a cegueta aqui não tinha visto o link de atualização. XD
    Vampiros no estilo certo... ulalá. Quero ler!!!
    Acho tão legal ler sobre outras culturas e os japoneses são bem interessantes.
    Esse instituto tem um trabalho intrigante. Mas o que me chamou muita atenção foi a questão da personagem Missora e suas línguas substitutas, pq me preocupei se ela escolhe a próxima língua numa pessoa ou num cadáver recente, o que sendo uma vamp deve ser a sangue frio. Arrepiei e ainda assim gostei. #alouca
    Essa questão da tatoo foi ótima, tinta e sangue.
    Vou marcar como desejado.
    Adorei Came!!!

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    1. Oi Dani!
      O livro é cheio destes arrepios, tah!
      E marque mesmo como desejado, tomara que leia logo!

      Beijos *-*

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  5. ual... quase fiquei sem folego só de ler a resenha!!!!!
    Fiquei bem interessada em ler mesmo!!!!! To com saudades dos vampiros mais com cara de vampiros!! rsrsrsrsrs

    bjos Came!!!!!

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    1. Oi Ana!
      Então leia Kaori, minina! Não vai se arrepender!

      Beijos

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  6. O livro parece ser muito bom mesmo, e eu adoro vampiros. Fiquei com vontade de ler!
    O fato da Missora trocar de língua e como a tatuagem de Kaori foi feita me chamou atenção. Super interessante!
    Vou colocar na minha listinha de desejados! rs
    Bjs

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    1. Oi Bia!
      Coloque mesmo na lista e leia o quanto antes - tu não vai se arrepender!

      Beijos

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  7. Resenha interessante e uma vampira japonesa.Também fiquei curiosa sobre a história,o cenário do passado Século XV e presente Século XXI.E as novidades dos caçadores vampwatcher,Nekomata,e também aprendemos mais sobre o folclore oriental

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    1. Oi Vanessa.
      Realmente, aprendemos muito com esta obra.
      Vale a pena a leitura!

      Beijos

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