domingo, 2 de junho de 2013

Meu desejo é gritar!
Com essa frase poderíamos abranger muitos personagens que, ao longo da trama, tem uma vontade imensa de gritar e se livrar de demônios internos. Mas o que representaria esta vontade de gritar?
O grito seria, a meu ver, uma forma de libertação. O personagem ao gritar estaria se libertando do que lhe aflige e satisfazendo-se, por fim.
 
Livro recebido do autor

Primeiro vamos à história: Lara e Iran se casam e o que era para ser um dia feliz, se transforma em um pesadelo, já que após a festa eles sofrem um acidente de carro. Neste caso, estão presentes Rosa e Donny, ela que é irmã adotiva de Lara e ele que é como se fosse irmão. Porém, após o acidente as coisas começam a desandar, ou melhor, a serem reveladas. São mentiras, traições, falsidade, imoralidade, manipulações, famílias superprotetoras. Mas, porém, entretanto, todavia... esse casamento já começou errado. E paro por aqui para não falar demais.
Em tempo, Lara e Rosa foram criadas em casa de militar, com educação rígida. Rosa, vindo de uma família desestruturada, foi adotada com um objetivo específico pelos pais de Lara, o que me deixou nauseada. Lara tem seu pai como um herói, mas até que ponto deve-se acreditar nestes heróis idealizados ao longo da infância?

O livro aponta uma verdade real: o ser humano mente na tentativa de proteger quem lhe é querido. Mesmo quem diz que nunca mente estará mentindo, certamente.
As mentiras que as pessoas contam para a própria família são intrigantes. Alguns fatos são de importante colocação, como as relações onde um se doa mais do que o outro; ou as relações onde se espera somente a perfeição, inclusive física; e, ainda, relações de amizade à base de dinheiro – onde este compra a cumplicidade e responsabilidade.
O leitor, a princípio, pode pensar que o livro é irreal, que aborda somente mentiras. Mas deixe-me colocar que a obra aborda a vida inteira daqueles personagens, focando nesta parte mais sombria. Claro que às vezes cansa um pouco, por que (já vou avisando) não tem o mocinho ou a mocinha por quem se apaixonar, mas tem vários vilões para odiar.

De início, não entendi a razão para tanta raiva, mas ao longo da leitura os motivos são apresentados e bem explicados.  O autor começa com o presente e volta ao passado repetidas vezes, para que entendamos o ponto aonde chegar. Isso fica ainda mais claro ao final, que aponta que ser adulto é ser reflexo da infância.
As novidades são constantes e os enlaces são bem alinhados. O individualismo é colocado a todo instante, o que nos leva a pensar: fazemos tudo pensando no resultado para nós mesmos? Quando fazemos algo que não seja em nosso favor, de alguma forma? Além disso, o autor explorou muito bem o fato de o indivíduo surtar quando a situação sai da sua zona de conforto. Em tempo, a obra fala, ainda, sobre aqueles que se escondem atrás de dinheiro e/ou religião.

Adorei o fato de o livro ser ambientado no Brasil, mais especificamente em Santa Catarina. O autor soube explorar o modo de falar, os costumes. Inclusive os diálogos/palavreado são facilmente encaixados em qualquer pessoa do sul (falo por mim também), logo, não são formais. A cultura germânica está ali também, de forma leve, mas colocada. Não perguntei ao autor, mas suspeito que ele seja do sul. Pois só alguém daqui saberia detalhar tão bem a paisagem com as araucárias ou falar de ramonas com a maior naturalidade (se não sabem o que são ramonas, vejam no link: http://peosiaehumanidade.files.wordpress.com/2009/11/grampos_ramona2.jpg).

Posso dizer, com seriedade, que a leitura nos leva a pensar além do que está escrito. Minha pergunta que ficou no ar durante toda a leitura foi “Quem tem o controle da situação tem razão?”. Por mais que a resposta pareça fácil, não é.
E só mais uma coisa: Não adianta fugir do passado. Ele volta.

A obra conta poucos erros ortográficos, nada que estrague a leitura, contém, ainda, vários palavrões, então não indico para adolescentes. As folhas são brancas (normal em casos de livros independentes). A capa solta um plástico de proteção nos cantos (como a maioria não solta, a gente nem lembra que tem), e isso me irrita um pouco.

Avaliação: Recomendo!



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5 comentários:

  1. Esse eu não conhecia mais gostei da resenha e a história do livro me deixou bastante interessada.
    Creio eu que deva ser uma ótima leitura.
    Beijos...

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    1. Infelizmente não é um livro muito conhecido ou divulgado.

      Espero que consiga lê-lo em breve, Dany :D

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  2. Oiiii!!!
    Pela capa, eu não compraria. Mas gostei bastante da resenha. Fiquei curiosa sobre as mentiras e revelações que surgem.
    Uma pena quando o plástico solta, aconteceu com um da Nova fronteira. XD
    Livro ambientado no Brasil é bom demais, né?
    Bj

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    Respostas
    1. Dani, são muitas mentiras. A gente se vê louca!
      Eu adoro quando o livro passa no BR, mesmo :D

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  3. Oi.

    Gosto tbem de quando o livro se passa no Brasil, e ainda mais aqui no sul...fiquei intrigada tbem com a historia, devem ter muita descobertas de mentiras, que em familias sempre vem a tona, em momentos nem sempre propicios - como em um casamento affffff
    Só não sei se estou no clima para ler livros em que não me apaixono pelos personagens. Confesso:(f)

    bjos Came

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