Meu desejo é gritar!
Com essa frase poderíamos
abranger muitos personagens que, ao longo da trama, tem uma vontade imensa de
gritar e se livrar de demônios internos. Mas
o que representaria esta vontade de gritar?
O grito seria, a meu ver, uma
forma de libertação. O personagem ao gritar estaria se libertando do que lhe
aflige e satisfazendo-se, por fim.
Primeiro vamos à história: Lara e Iran se casam e o que era para
ser um dia feliz, se transforma em um pesadelo, já que após a festa eles sofrem
um acidente de carro. Neste caso, estão presentes Rosa e Donny, ela que é irmã
adotiva de Lara e ele que é como se fosse irmão. Porém, após o acidente as
coisas começam a desandar, ou melhor, a serem reveladas. São mentiras,
traições, falsidade, imoralidade, manipulações, famílias superprotetoras. Mas,
porém, entretanto, todavia... esse casamento já começou errado. E paro por aqui
para não falar demais.
Em tempo, Lara e Rosa foram
criadas em casa de militar, com educação rígida. Rosa, vindo de uma família
desestruturada, foi adotada com um objetivo específico pelos pais de Lara, o que
me deixou nauseada. Lara tem seu pai como um herói, mas até que ponto deve-se acreditar nestes heróis idealizados ao longo
da infância?
O livro aponta uma verdade real: o ser humano mente na tentativa de proteger
quem lhe é querido. Mesmo quem diz que nunca mente estará mentindo,
certamente.
As mentiras que as pessoas contam para
a própria família são intrigantes. Alguns fatos são de importante colocação,
como as relações onde um se doa mais do que o outro; ou as relações onde se
espera somente a perfeição, inclusive física; e, ainda, relações de amizade à
base de dinheiro – onde este compra a cumplicidade e responsabilidade.
O leitor, a princípio, pode
pensar que o livro é irreal, que aborda somente mentiras. Mas deixe-me colocar
que a obra aborda a vida inteira daqueles personagens, focando nesta parte mais sombria. Claro que às vezes cansa um
pouco, por que (já vou avisando) não tem o mocinho ou a mocinha por quem se
apaixonar, mas tem vários vilões para odiar.
De início, não entendi a razão para tanta raiva, mas ao longo da
leitura os motivos são apresentados e bem explicados. O autor começa com o presente e volta ao
passado repetidas vezes, para que entendamos o ponto aonde chegar. Isso fica
ainda mais claro ao final, que aponta que ser
adulto é ser reflexo da infância.
As novidades são constantes e os
enlaces são bem alinhados. O individualismo é colocado a todo instante, o que
nos leva a pensar: fazemos tudo pensando no resultado para nós mesmos?
Quando fazemos algo que não seja em nosso favor, de alguma forma? Além disso, o
autor explorou muito bem o fato de o indivíduo surtar quando a situação sai da
sua zona de conforto. Em tempo, a obra fala, ainda, sobre aqueles que se
escondem atrás de dinheiro e/ou religião.
Adorei o fato de o livro ser ambientado no Brasil, mais
especificamente em Santa Catarina. O autor soube explorar o modo de falar, os
costumes. Inclusive os diálogos/palavreado são facilmente encaixados em
qualquer pessoa do sul (falo por mim também), logo, não são formais. A cultura
germânica está ali também, de forma leve, mas colocada. Não perguntei ao autor,
mas suspeito que ele seja do sul. Pois só alguém daqui saberia detalhar tão bem
a paisagem com as araucárias ou falar de ramonas com a maior naturalidade (se
não sabem o que são ramonas, vejam no link: http://peosiaehumanidade.files.wordpress.com/2009/11/grampos_ramona2.jpg).
Posso dizer, com seriedade, que a leitura nos leva a pensar além do que
está escrito. Minha pergunta que ficou no ar durante toda a leitura foi “Quem tem o controle da situação tem razão?”.
Por mais que a resposta pareça fácil, não é.
E só mais uma coisa: Não adianta fugir do
passado. Ele volta.
A obra conta poucos erros
ortográficos, nada que estrague a leitura, contém, ainda, vários palavrões,
então não indico para adolescentes. As folhas são brancas (normal em casos de livros
independentes). A capa solta um plástico de proteção nos cantos (como a maioria
não solta, a gente nem lembra que tem), e isso me irrita um pouco.
Avaliação: Recomendo!
Para comprar, acesse a nossa
lojinha de nacionais:
Esse eu não conhecia mais gostei da resenha e a história do livro me deixou bastante interessada.
ResponderExcluirCreio eu que deva ser uma ótima leitura.
Beijos...
Infelizmente não é um livro muito conhecido ou divulgado.
ExcluirEspero que consiga lê-lo em breve, Dany :D
Oiiii!!!
ResponderExcluirPela capa, eu não compraria. Mas gostei bastante da resenha. Fiquei curiosa sobre as mentiras e revelações que surgem.
Uma pena quando o plástico solta, aconteceu com um da Nova fronteira. XD
Livro ambientado no Brasil é bom demais, né?
Bj
Dani, são muitas mentiras. A gente se vê louca!
ExcluirEu adoro quando o livro passa no BR, mesmo :D
Oi.
ResponderExcluirGosto tbem de quando o livro se passa no Brasil, e ainda mais aqui no sul...fiquei intrigada tbem com a historia, devem ter muita descobertas de mentiras, que em familias sempre vem a tona, em momentos nem sempre propicios - como em um casamento affffff
Só não sei se estou no clima para ler livros em que não me apaixono pelos personagens. Confesso:(f)
bjos Came