Gênio da literatura francesa, Moliére
revitalizou as formas tradicionais da comédia em um novo estilo, onde a verdade
se opõe à falsidade, a inteligência à ignorância. Isto, somado à noção de
absurdo do cotidiano, tonou
Moliére inimitável. Mestre da comédia satírica,
filho de um grande administrador do comércio de tapetes da França, teve grandes
possibilidades de estudos e aperfeiçoamento.
Não seguiu o ofício do pai e voltou-se à vida teatral. Em
Junho de 1643, juntamente com a sua amante Madeleine Béjart e dois
irmãos dela, fundou a companhia (troupe) de teatro L'Illustre Théâtre – Companhia
que entrou na bancarrota em 1645, a falência o levou a ficar algumas semanas preso. A
partir dessa altura assumiu o pseudônimo de
Moliére, inspirado no nome de uma
pequena aldeia do sul de França.
Partiu em turnê pelas aldeias como comediante itinerante
durante cerca de 14 anos, os quais atuou com a companhia de Charles Dufresne. Mais tarde voltaria a criar uma companhia própria.
Durante estas viagens conheceu o Príncipe de Conti, governador do Languedoc, que se tornou seu mecenas (financiador) de
1653 a 1657, pelo que deu o seu nome à companhia. Esta amizade terminaria mais
tarde, quando Conti se uniu aos inimigos de
Moliére no Parti des Dévots (a "Cabala dos Devotos").
Moliére chegou a Paris em 1658 onde apresentou no Louvre a tragédia Nicomède de Corneille
e a sua pequena farsa Le docteur amoureux (O Médico Apaixonado), com sucesso. A partir daí a
companhia passou a ser a Troupe de Monsieur (o Monsieur era o irmão do rei) e com a ajuda do
novo mecenas, juntou-se a uma famosa companhia local italiana dedicada à commedia dell'arte.
Estabelece-se definitivamente no teatro do Petit-Bourbon,
onde, a 18 de Novembro de 1659, fez a estreia da sua peça Les
Précieuses ridicules ("As
Preciosas Ridículas") – uma das suas obras primas, que criticava os
maneirismos e modos afetados que eram comuns na França e considerados
"distintos". A peça foi inicialmente proibida, mas pouco depois
recebeu autorização para ser posta em cena.
Moliére tornou-se famoso pelas suas farsas, geralmente de
um só ato e apresentadas depois de uma tragédia. Algumas destas farsas eram
apenas parcialmente escritas, sendo encenadas ao estilo da commedia dell'arte' com improvisação a partir de um canovaccio (esboço muito geral da peça).
Tendo adoecido, a produção
teatral de Moliére teve uma quebra na quantidade. Le Sicilien ou L'Amour
peintre ("O
Siciliano" ou "O Amor Pintor") foi escrito para as festividades
do castelo de Saint-Germain, tendo sido seguido, em 1668, por Amphitryon ("O Anfitrião"), peça
inspirada na peça homônima de Plauto e com alusões aos casos amorosos do rei. George Dandin
ou Le Mari confondu ("O Marido Confundido") foi
pouco apreciado na altura, mas voltou a ter sucesso com L'Avare ("O Avarento"), comédia
ainda hoje muito representada.
Um dos mais famosos momentos da biografia de
Moliére é a sua morte, que se tornou numa referência no meio teatral:
Em 1673, já tuberculoso e incurável,
Moliére teve um ataque de hemoptise em cena aberta, ao representar o papel principal de
O Doente Imaginário - Argan. O público imaginou tratar-se de mais uma
interpretação brilhante do grande ator e não mediu o riso. Assim, enquanto
Moliére se curvava de sofrimento e perdia sangue pela boca, a platéia aplaudia
estrondosamente. Quando o pano caiu, o comediante foi levado, moribundo, para
sua casa onde Armande, a esposa que o abandonara anos antes, fechou-lhe os
olhos para sempre.
Nenhum padre encomendou sua alma –
Moliére foi um comediante e a Igreja não permitia cerimônias fúnebres para estes.
Armande, desesperada correu até o palácio e implorou ao rei uma sepultura
cristã para
Moliére. Luís XIV intercedeu ao arcebispo que abrisse uma exceção.
O apelo foi atendido com algumas condições: o poeta seria enterrado no
cemitério Saint-Joseph, ‘fora das horas do dia’ e no local reservado aos
suicidas e as crianças sem batismo.
Em 1792, os seus restos mortais foram levados para o Museu dos
Monumentos Franceses e, em 1817, transferidos para o cemitério do Père Lachaise, em Paris, ao lado da sepultura de La Fontaine.
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Olá!
ResponderExcluirGrandes nomes,com o passar do tempo vão sendo esquecidos, e suas obras não pereceram.Quando encontramos um blog como este,mostrando o que existe de melhor na literatura só podemos aplaudir.
Cheguei aqui através do blog do nosso amigo Elton Sipião O Anjo das Letras, e já estou a te seguir.
Tenha um fim de domingo com muita paz.
Olá Fênix27. Fico muito feliz que tenha gostado do post... Realmente, grandes nomes estão sendo esquecidos, mas nos cabe lembrar aos leitores sobre estes.
ExcluirÓtima semana.
Nossa que morte,não sei porque me lembrou o filme Cisne Negro.
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